Informações de 37 milhões de usuários do site para infiéis Ashley Madison foram distribuídas na web
“A vida é curta. Curta um caso.” é o slogan do site de traições.
Após a exposição dos dados dos mais de 37 milhões de usuários do site para “infiéis” Ashley Madison, a empresa por trás do site, Avid Life Media (ALM), está sendo processada por vários usuários; alguns, inclusive, estão preocupados com seus filhos, empregos e já averãoá relatos de suicídio por causa das informações reveladas.
Há pouco mais de um mês, foi revelado que um grupo de hackers que se autodenomina Impact Team havia conseguido invadir a base de dados dos usuários do site. O motivo, segundo eles, era em protesto à não exclusão total dos dados dos usuários que solicitavam a remoção dos seus dados ― esse serviço era pago, e ainda era cobrada uma taxa de US$ 19.
Como levantado pelo site britânico The Register, a empresa realmente não apagava todas as informações do solicitante, contrariando a nota da ALM emitida no dia 20 de julho. Segundo o site, a localização, data de nascimento, peso e altura eram mantidos mesmo após o pagamento da taxa. É curioso observar que dados como cidade, estado, país, latitude e longitude permaneciam armazenados e podiam ser usados para estimar a localização do usuário, mesmo após a remoção do código postal.
Naturalmente, a exposição dos dados que a empresa afirmava que havia apagado levou múltiplos usuários a moverem uma ação contra a ALM, com sede no Canadá. Segundo a NBC News, desde segunda, já há cinco processos no colo da empresa, sendo que quatro foram preenchidos nos Estados Unidos e alegam quebra de contrato, negligência e violação de uma série de leis que garantem a privacidade.
Outdoor do site: “Trazendo casamentos de volta à vida”. (Foto: Daily Billboard Blod)
Todos esses quatro processos foram movidos por pessoas que decidiram não revelar seu nome verdadeiro e visam indenização de até US$ 5 milhões. A quinta ação, um pouco diferente, foi movida na semana passada em um tribunal canadense por um homem chamado Eliot Shore e exige indenização de US$ 573 milhões.
O processo de Shore foi classificado como uma ação coletiva, na qual uma das partes representa um grupo de pessoas. Shore ainda justificou que ele fez o cadastro no site logo depois que sua mulher morreu de câncer de mama e afirmou que nunca se encontrou com alguém do site nem traiu sua esposa.
Os usuários que estão processando a ALM ainda alegam que a empresa “poderia ter se prevenido” e não o fizeram, ainda que tinham conhecimento (ou pelo menos deveriam) de que os dados de quem estava cadastrado eram “particularmente sensíveis”. Uma das medidas preventivas seria “criptografar as informações atreladas aos usuários, […] assim qualquer dado roubado e obtido apareceria em formato encriptado”, diz o texto da ação.
Com os dados das milhões de pessoas registradas no Ashley Madison disponíveis para consulta, é “natural” que muitos usuários tenham suas vidas pessoais perturbadas, seja dentro da família, seja no trabalho. Não foi à toa que a polícia canadense vinculou dois casos de suicídio ao vazamento de dados do site.
Em uma coletiva realizada realizada segunda-feira (24), Bryce Evans, superintendente da polícia de Toronto, reconheceu que o ataque ocasionou um dos maiores vazamentos de dados do mundo e tem característica ímpar porque “expõe dados pessoais de milhões de pessoas, incluindo seus dados do cartão de crédito”.
Bryce ainda classificou o ato como criminoso e sustentou que haverá impactos a longo prazo de cunho social e econômico. “Nesta manhã, recebemos dois casos não confirmados de suicídio associados ao vazamento dos perfis dos consumidores do site Ashley Madison”, acrescentou.
Muitos dos usuários, inclusive, temem impactos em sua vida profissional. Um homem identificado apenas como Michael, em entrevista à Agence France-Presse (AFP), confessou o medo de perder o emprego.
“Meu medo é que isso danifique todas as áreas da minha vida. Eu tenho um bom emprego, mas muitos dos meus colegas de trabalho são religiosos. Eu posso ser demitido. O que eu fiz foi errado e me arrependo profundamente, mas me fazer perder o emprego e colocar meu filho em risco de pobreza é dificilmente uma punição adequada”, contou.
E-mail pedindo dinheiro em troca de não revelar informações de usuário
A imagem acima, veiculada pelo Business Insider, mostra um dos pedidos de extorsão que alguns dos usuários receberam. Com os dados facilmente acessíveis na internet, usuários maliciosos como o do e-mail acima podem chegar ao perfil do Facebook de algumas pessoas e assim achar seus familiares e amigos, que podem ser bombardeados com a surpresa de seu amigo ou parente ter cadastro em um site de traição.
Alguns pedem dinheiro, mas outras agências de inteligência também podem usar as informações divulgadas para explorar dados sensíveis dos usuários. Ainda há casos de mais de 10 mil contas legítimas registradas com e-mails de oficiais do governo.
Segundo o Dadaviz, mesmo site que elegeu São Paulo como a cidade com o maior número de contas no site, os Estados Unidos estão em primeiro lugar no número de agentes do governo cadastrados no Ashley Madison (e o Pentágono disse estar investigando). Nessa lista, inclusive, o Brasil fica em segundo.
18 milhões de usuários do site eram homens casados
Apesar da maioria dos usuários do Ashley Madison ser homens casados que procuram pular a cerca, qualquer um que tinha acesso a muitas informações sobre alguém poderia perversamente cadastrar essa pessoa no site. Muitos dos usuários que contataram a Status Labs, empresa de gerenciamento de imagem, alegaram roubo de identidade, apesar de outros terem admitido adultério e estarem profundamente arrependidos.
Segundo Courtney Fitzpatrick, diretora da Status Labs, as 50 pessoas que entraram em contato com ela são todas do sexo masculino que se encontram nas situações variadas citadas acima. Ainda há casos de “infiéis evidentes que estão com medo de serem descobertos por suas esposas”, segundo ela.
Esses são apenas alguns cenários em que os milhões de usuários do Ashley Madison vão se deparar durante os próximos meses e até anos. Nenhum membro da Impact Team foi descoberto até agora. A Avid Live Media oferece US$ 375 mil para qualquer informação que os levem a achar o culpado pela invasão.
Fonte: https://tecnoblog.net/184013/ashley-madison-consequencias-vazamento/